23 de março de 2012

O céu hoje fica mais feliz

A infância é o momento da vida mais lúdico e, talvez, mais feliz. Pelo menos para algumas crianças que têm seu direito a infância preservado. É no início da vida que o riso se torna gratuito, espontâneo e serve de elixir para uma boa vida. Ser criança é rir sem medo, sorrir para tudo e descobrir figuras que encantam.


As tardes com Chaves, Didi, Dedé, Mussum, Zacarias e Professor Raimundo nunca mais voltarão. Ficaram lá atrás com a infância. No tempo em que rir era prática oriunda de um humor sem preconceitos e sem apelações. Um humor que unia a minha inocente infância com a companhia do meu bom e velho avô.

Meu avô e companheiro de risada está num outro lugar. Imagino que ele esteja curtindo a delirante alegria de Zacarias e Mussum, dois trapalhões do céu. E hoje, enquanto eu me entristeço com a perda do querido Professor Raimundo, ele deve estar comprando ingressos para o maior show de humor do paraíso.

Chico Anysio não se vai sozinho. Com ele vão mais de 200 personagens inesquecíveis. Vai o sábio Professor Raimundo, a sempre ácida Salomé de Passo Fundo, o egocêntrico Alberto Roberto e tantos outros. Ele se vai para continuar alegrando aqueles que lá no céu aguardavam ansiosos pela sua chegada. Seu show vai continuar.

Enquanto isso, ficamos aqui sorrindo e chorando. Sorrindo quando desejamos voltar à infância e chorando quando nos descobrimos adultos modelados e fabricados. Ficamos sem um pouco de poesia, mas com uma lição a seguir.

O querido Chico é imortal. Mesmo que os arquivos se queimem, as fitas sejam destruídas e todos arquivos deletados, ficará na memória a exuberância de uma mente brilhante. Uma mente que trabalhou incansável para uma única e nobre missão: fazer rir.

Que meu querido vovô guarde uma cadeira para o dia em que nesse plano privilegiado eu possa chegar e rir de novo da magia chamada humor.

Enquanto isso ficamos na saudade e aproveitando os gênios que ainda nos restam...


Vinícius Borges Gomes

7 de março de 2012

A você mulher


A gente cresce numa sociedade machista, patriarcalista e cheia de tradições. Aprende que brincar de carrinho é coisa para homem e brincar de boneca e casinha coisa de mulher. Homem é aquele que trabalha, que chama pra dançar, que sustenta a casa. Mulher cuida dos filhos, das tarefas domésticas e deve se resguardar para o homem.


Você cresce, conhece, reflete e aí aprende que tudo pode ser asneira; e é. Quem disse que gênero é condição preponderante para ser assim ou assado? Quem disse que homem não pode lavar prato e mulher não pode dirigir caminhão? Mas o mundo ainda caminha diferente. Mulher ganha menos e trabalha mais. Mulher sofre violência de marido. E marido é perdoado por mulher. Mulher ama marido, porque é romântica e foi educada para se guardar na sombra de um homem. Não é fraqueza. É estratégia de sobrevivência...


Mas ainda assim se levantam vozes. São gritos feministas revoltados. Sons ferozes que soam como poesia. A mulher aprendeu a gritar. Descobriu que é mais do que costela. Resolveu esbravejar isso ao mundo. Se aliou a negros, índios, homossexuais e tantas outras minorias que aprenderam a dizer que ser humano é ser despojado de preconceitos.


A você mulher, a vocês mulheres, o meu honroso parabéns e minha singela homenagem. Vocês são o sopro de vida e a aura da esperança num mundo que parece perdido, mas que ainda pode dar certo. E, para isso, é preciso protagonismo feminino.
É preciso gente, é preciso mulher!


Vinícius Borges Gomes

16 de janeiro de 2012

Amar sem medidas


A juventude caminha e é taxada de futuro. Querem sempre que seja o futuro, afinal é lá que ela deixa de ser mudança e se torna mais do mesmo. A sociedade luta para criar jovens cordeiros, pacientes e que sempre abaixem a cabeça.


As juventudes são discriminadas. Culturas da margem são reprimidas, jovens pobres são mortos, tribos são recriminadas, jovens questionadores são calados. Interessa apenas a juventude engomadinha, correta, encaixada nos padrões do bom comportamento. As demais podem ficar lá na margem e, se quiserem, podem para a salvação de ser mais um no grupo dos defensores da moral.


Há, porém, uma juventude ansiosa. Ansiosa por algo que chamam de "Reino de Deus". São jovens crentes. Dizem ter uma tal de utopia. Querem ser cristãos e serem jovens do presente. Congregam diferentes cores, jeitos, sabores e cheiros. Querem ser plurais. Caminham felizes e não se cansam. Também não se abatem com os erros e não deixam de vivenciar um cristianismo que promete misericórdia.


Essa juventude com tantas juventudes em sua ciranda esteve nas terras roxas do Paraná. A cidade de Maringá reuniu um congresso de jovens do presente ousados e muito criativos. Escandalizavam uns pela sua energia e energizava a outros pela sua utopia.

Era uma juventude que refazia passos de Cristo. Não o Cristo tirano. Mas o Cristo de Zaqueu, de Mateus, de Madalena, da Samaritana, do soldado romano, do seu vizinho de cruz, dos seus discípulos. O Cristo dos diferentes, dos pecadores, da misericórdia. O Cristo que amou até o fim.
Entoados pelo amor que anunciavam, fizeram uma grande ciranda. Falavam em defesa da vida na sociedade da morte. Replicavam uma igreja hierárquica e se diziam protagonistas. Rememoravam mártires. Eram um pouco de passado sim, mas com sede de presente e compromisso com o futuro.


Juventude cristã, jovens unidos pelo amor. Pastoral da Juventude brasileira. Brancos índios, Índios Brancos, Negros índios, Brancos Negros, Negros negros, negros amarelos, Amarelos brancos, negros nagôs... Era jovem de todo jeito, raça e cultura.
Misturavam farinha, queijo, chimarrão, cajuína e cacau para oferecer a força que os movia: a graça de Deus.


É um eco na igreja. É uma voz que clama no deserto. É a força de quem quer ver "a vida nova florescer". É a marcha de quem quer "ter voz, ter vez e lugar".
É a Pastoral da Juventude.


Amante dos jovens. Membro da igreja de Cristo. Igreja que é Povo de Deus. Deus que é povo.
Cheios de esperança, pois ela nunca caduca. Jovens com mil razões para viver e lutar, porque sabem que o Reino está no nosso meio.
É igreja cidadã desse chão onde pisou Cristo.
É igreja popular.
É igreja missionária.
É igreja profética.
É igreja jovem, amando sem medida.


Parabéns a toda juventude que participou e esteve em sintonia com o 10º Encontro Nacional da Pastoral da Juventude!



Vinícius Borges Gomes

Rostos de Juventude

Abaixo algumas fotos registradas por mim, Vinícius Borges Gomes, no 10º Encontro Nacional da Pastoral da Juventude. Um pouco de juventude, um rosto de luta, faces de utopia...