24 de abril de 2011

Cordeiro Pastor, Pastor Cordeiro

Especial Semana Santa - Páscoa


Um Cordeiro caminha sobre a grama verde

Vem retumbante com um brilho matinal

É o sol que o reveste de uma luz gloriosa.

Entre passos lentos ele parece sorrir...

É cordeiro, mas parece gente

Parece gente, mas parece mais que gente.

É cordeiro, mas parece pastor.

Pastor cordeiro que caminha a passos leves

Cordeiro pastor chagado...

Foi abatido, porém levantado.

Quem será esse cordeiro?

Leva uma cruz entre suas patas

Cruz vitoriosa, altar de sacrifíco!

Cordeiro Pastor que se sacrificou por seu rebanho

Pastor que se fez cordeiro e fez da servidão o seu ofício.

Cordeiro das nações...

Ele vem e não pára

Parece chamar, convidar.

Dá vontade de seguir o Pastor Cordeiro

Imolado, mas ressuscitado.

Vida renovada, fé restaurada

Páscoa completa.

Quero ser do rebanho desse Cordeiro Santo

Imolado para a vida

Sacrificado para a plenitude.

Quero ser do cordeiro

Discípulo

Profeta

Seguidor

Mensageiro

Servidor

Do Pastor

Que também é cordeiro...



Uma Feliz e Santa Páscoa



VINÍCIUS BORGES GOMES

18 de abril de 2011

Eis o Homem!




Especial Semana Santa


Começa a Semana Santa. É hora de apresentar o rosto melancólico de um Jesus derrotado sob uma pesada cruz. Hora de lágrimas escorrerem ao se lembrarem do caráter doloroso das reflexões acerca da Paixão de Jesus.
Chegou o tempo de se chorar a morte de Cristo, explorar seu sofrimento e reconhecer que somos a causa de tudo isso. É hora também de queimar Judas, criticar os fariseus, se horrorizar com Pilatos. Afinal, toda história precisa de vilões.

É tempo de celebrar, sobretudo, a vida pela ressurreição. Pena que tanto ovo de Páscoa ofusque o sentido central de um mistério tão intenso.

Que nessa Semana comecemos nossa reflexão voltando nossos olhos para a realidade. Deixemos de lado a hipocrisia. Que aprendamos a carregar cruzes com coragem ao invés de assumirmos os chicotes da tortura que hoje se materializam em línguas más. Línguas que chicoteiam as costas do irmão com causas devastadoras.

Vamos deixar de ser Pilatos. Vamos parar se ser covardes e lavar as mãos diante de injustiças. Pilatos lavou suas mãos para não se responsabilizar pela morte de Jesus. Quantas vezes nós também não lavamos nossas mãos? Preferimos nos esquivar do debate e dizer que não gostamos de política, lavamos nossas mãos. E aí corruptos são eleitos, opressão aumenta e nossa democracia se desgasta. Somos torturados por um sistema cada vez mais cruel e, simplesmente, lavamos as mãos.

Vamos deixar de lavar as mãos pela dor do outro. Deixemos de lado a filosofia individualista. Não sejamos covardes de não olhar para a desigualdade, a pobreza e a fome!

Não lave suas mãos. Pois quanto mais se lava, mais sangue a suja.

Soframos com Cristo, mas ressuscitemos com ele. O caminho que se abre é o da esperança.

Que a imagem da cruz seja para nós sinal da vitória e não da derrota. A vida venceu e o Reino precisa acontecer.

Que esta seja uma Semana de transformação para além de uma memória, mas que seja de profunda vivência.


Jesus está conosco. Vivo.

12 de abril de 2011

Um ano do blog


Dia 9 de Abril completamos um ano com nosso blog "O Pejoteiro".
Valeu muito a pena. A ideia de estar atuante na PJ por mais uma forma funcionou.
O blog cresceu e com ele as pessoas que aderiram a sua proposta. Muitos me ajudaram a fazer desse blog um meio importante de comunicação.
Agradeço a PJ de Oliveira pelo apoio, divulgação, participação. Fico grato também aos colaboradores e a todos que deram sua OPINIÃO FUNDAMENTAL em cada postagem. São essas pessoas que fazem o blog não ser voltado a si só, mas ir além, comunicar de verdade ao ter várias vozes em seu conteúdo.
Obrigado aos seguidores e a todos que acessam, contribuem e me dão força nesse projeto pessoal para o público e que cada vez mais é menos pessoal, o que é ótimo.
Que venham muitos anos e que o blog cumpra um papel de, no mínimo, mexer com a cabeça e o coração de quem o lê.

SAUDAÇÕES PEJOTEIRAS!

5 de abril de 2011

A verdadeira cruz

Vinícius B. Gomes

Era noite. Uma procissão vestida de tradição da mais original desfilava em São João Del-Rei. A figura principal estava no alto, erguida por homens que carregam, literalmente nos ombros, a tradição familiar do preceito religioso. A intrigante imagem de Nosso Senhor dos Passos e sua cruz era conduzida para o encontro com outra imagem com aspecto doloroso semelhante: Nossa Senhora.
Estandartes, cruzes, turíbulos, velas e tochas. Tudo isso complementando a imagem pesada de uma tradição religiosa de solene rito. Entre cantos em latim e orquestras que emitiam sons melancólicos a imagem parava nos chamados "passinhos". Cada um desses parecido com uma pequena capela anexada a casas históricas.
A dor era o foco. Não havia espaço para rir. Havia espaço para rezar, cantar, organizar o cortejo ou documentar, como eu fazia.
Os olhares eram inevitavelmente voltados para as figuras de dor bem delineadas em imagens fortes. O olhar de dor de Jesus e sua mãe foram expressos em esculturas que remetem a um sofrimento sem igual.
Mas para quem quer basta olhar ao lado. Olhar para um outro possível que remete ao foco inicial e o questiona. Olhar pro lado pode fazer-nos olhar com consciência para frente. É preciso olhar tudo.
Eis que ao meu lado vejo uma pessoa intrigante: não vestia terno, nem túnica preta ou roxa, nem paramento clerical, tampouco uma roupa nova e bonita. Sim, ele era diferente de todos que seguiam aquela procissão.
Talvez fosse parecido só com a imagem. Usava um manto. Talvez o único que tivesse para se aquecer. Era pobre. Sua cruz era um cajado que segurava. Não saberia dizer se ela sofria. Mas dá para sofrer só de colocar-se em sua pele. Era ele o único diferente que mais se assemelhava aquela procissão.
Assim como Jesus ele era o rejeitado ali. Assim como Jesus ele carregava uma cruz: a de ser execrado da sociedade.
Ele não pediu esmolas, mas olhava com um olhar profundo aquilo que passava a frente dele. Se benzeu escorado na parede como se fosse espremido pelo cortejo.
Mal sabia ele que o homem representado naquela imagem veio para ele e por ele. Talvez ele não soubesse que era mais bem-aventurado que todos os outros que caminhavam ali. Mal sabia ele que a nobreza de seu cobertor era maior do que as luxuosas capas dos cléricos cheios de pompa.
Foi vendo o mendigo observador que vi que é preciso descer os olhos das imagens para nossa realidade. Afinal, é nela, nos olhos do irmão, que está Jesus sofrendo com as cruzes de nossos dias.
Que Deus nos ilumine e nos guie para enxergar para além de nossa limitada visão.
Nos faça menores e mais sensíveis do que maiores com falsas impressões.
Jesus já desceu do andor naquela rua.
Aliás, ele nunca subiu.