Dilma se tornou a primeira mulher a abrir a assembleia geral da ONU |
Não é a figura de Dilma o motivo que orgulha aos brasileiros nesse firme e seguro discurso. O que enche os brios de orgulho patriótico é a forma como ela representou os interesses do Brasil e da humanidade. Dilma, embora cercada no Brasil do que há de pior na política brasileira em sua heterogênea base aliada mostra sopros de lucidez política num momento tão sério que vive o planeta. Isso fica claro quando ela destaca a necessidade da união de todas as nações para enfrentar a crise econômica.
Dilma critica o desemprego e diz que o melhor caminho para o desenvolvimento é o combate a pobreza. Embora distante do discurso esquerdista que a levou ao cárcere no período militar, Dilma mostra peito ao contestar a política neoliberal predominante na maior parte das democracias ocidentais que, embora recorra ao Estado em momentos de crise, continua priorizando uma robustez econômica que retire da área social os recursos indispensáveis a população. Economia liberal que decapita empregos nos momentos de crise e contém o capital, inchado e gigante, nas mãos sólidas e concretas de magnatas do capitalismo.
A força da mulher em seu discurso foi largamente mostrada. Longe de ser feminista, foi autêntico e sóbrio. "Além do meu querido Brasil, sinto-me aqui hoje representando todas as mulheres do mundo: aquelas que passam fome e não podem dar de comer aos seus filhos; aquelas que sofrem violência e são discriminadas no emprego e na vida familiar; aquelas que ousaram e conquistaram espaço de poder que me permite hoje estar aqui".
O que se percebe na política de Dilma é uma autenticidade e um posicionamento mais firme. Diferente do político Lula que sabia ter jogo de cintura em discussões sérias, a presidenta Dilma possui um discurso mais rígido, sério e destemido. Há quem diga que isso a atrapalhe adiante, mas há fortes indícios de que é chegada a hora do Brasil mostrar mais firmeza em suas posições e assumir, de fato, papel de líder global que o credencie a ocupar uma cadeira permanente no Conselho de Segurança da ONU. Dilma não faz uma política intransigente, mas tem valores bem definidos e opiniões coesas. "Como mulher que sofreu tortura no cárcere, sei como são importantes os valores de direitos humanos, da democracia", revela Dilma mostrando não abrir mão dos direitos humanos.
Longe de ser cordial ao presidente Barack Obama, Dilma fez questão de mostrar independência ao pedir cadeira na ONU para a Palestina. "Assim como a maioria dos países desta assembleia, acreditamos que chega ao momento de termos a Palestina aqui representada.". A fala arrancou aplausos da plateia e certamente contrariou Obama, que já deve perceber que dificilmente os EUA arbitrarão o mundo com tanta exclusividade.
Que Dilma continue mostrando ao mundo que a política dos países desenvolvidos é nociva e perigosa. Que ela seja precursora de um mundo que abra cada vez mais espaço as mulheres e a seus direitos. Que Dilma não seja corrompida pela velha política brasileira de troca de favores e mantenha, ainda que timidamente, uma postura política séria e destemida.
Parabéns Dilma Rousseff. Parabéns mulher. Parabéns Brasil. Hoje todos merecem...