13 de julho de 2010
O Homem e a enxada
Vi certo dia um homem ao praticar seu trabalho. Não dava para perceber sua fisionomia, mas era um senhor talvez com seus quase sessenta anos. Usava uniforme e um chapéu de palha que o protegia do sol.
De longe comecei a reparar seus gestos. Ele estava num pequeno barranco de terra capinando o mato. Era muito mato e ele certamente não conseguiria acabar. Eu estava cansado, ele provavelmente também, e mesmo assim continuava.
Várias pessoas passaram e toda cumprimentaram-no. Ele certamente era conhecido e querido. Pouco depois largou seu instrumento e foi-se sem terminar de capinar tudo. Talvez ele terminasse no dia seguinte.
Mas o que uma cena tão comum mexeu tanto?
Um homem que labuta merece nosso olhar. O que me chamou a atenção ali naquele momento foram as circunstâncias: estava numa universidade onde doutores, mestres, professores e acadêmicos costumam ser as figuras principais e pequenos trabalhadores passam despercebidos.
Vi que a beleza daquele trabalho era enorme. O homem era querido, sabia ser educado e parecia feliz na sua simplicidade em meio a um ambiente em que o conhecimento é fundamental e ele talvez nem tivesse o ensino básico.
Fazendo essa comparação senti uma alegria percebendo que a beleza de um ser humano está naquilo que o faz humano: seu coração e seus sentimentos. Podemos ser donos de grandes técnicas e conhecimentos, mas será que a felicidade está aí?
Talvez a felicidade estivesse ali naquele senhor com sua enxada na mão terminando feliz mais um dia de trabalho e não na vida intensa de alunos, professores e acadêmicos buscando sempre respostas que talvez nunca conseguirão suprir todas as perguntas...
Eu aprendi naquele dia a olhar para as belezas da vida que são a simplicidade, o amor, a serenidade.
Aquele homem foi um pedacinho de Deus revelado a mim naquela tarde e eu fiquei feliz...
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